- Ouve lá, tu sempre foste lá ao Festival das Sopas? Ufa! Pensei que nunca mais era...
- Eu fui! Mas só porque havia sopa da pedra. Tenho ouvido dizer que é muito boa.
- E é mesmo, compadre?
- Olha, é melhor do que eu pensava! Muito melhor! E as sopas dos miúdos... O difícil foi escolher. Havia também uns docinhos maravilhosos, mas não lhes pude tocar. Começaram logo: "Olha a dieta, pai! Cuidado com a diabetes, avô!" Agora, elas é que mandam em mim! Então e tu, não foste? Não largas o futebol por nada!
- Olha agora, não fui!? Claro que fui. A minha neta e os amigos lá me convenceram. Disseram que transmitiam o jogo e eu...
- Não largaste o jogo durante toda a noite? Por isso é que não te vi.
- Ouve lá, quem é que tu pensas que eu sou, hein!? Algum avô desnaturado!? A minha netita gosta lá daquelas danças modernas, e ela até dança muito bem, torce-se como uma cobra. Todos eles são muito jeitosos, não são compadre?
- Um dia destes andam por aí, pelo lugar a animar as festas. Uns verdadeiros artistas!
- Pois é! Afinal foi um serão bem passado, no meio da garotada, não achas?
- Então não acho? Até me senti mais novo, rejusvenescido...
- Eh, ó compadre, não abuses!
A mim, parece-me que estes dois avôs resmungões vão voltar no próximo ano. O que vos parece?